18
DE MAIO 2014
A
cidade que queremos: que seja feita a nossa vontade
No
calendário nacional, o dezoito de maio é o Dia da Luta
Antimanicomial. Luta política no campo dos direitos humanos em prol
das pessoas acometidas pelo sofrimento mental.
A
insígnia ética Por uma sociedade sem manicômios é o norte
que nos orienta rumo ao mundo possível que queremos: “por
um mundo que seja a casa de todo mundo”.
O Fórum
Mineiro de Saúde Mental e a Associação dos Usuários dos Serviços
de Saúde Mental de Minas Gerais (ASUSSAM) pelo 18º ano consecutivo
traz em sua pauta a realização da manifestação que marca essa
data em Belo Horizonte, mobilizando outras cidades a virem se
manifestar na capital e (ou) a organizar intervenções locais com a
sensibilidade e ousadia necessárias à superação do manicômio,
trazendo as imprescindíveis críticas revestidas de um senso
festivo e estético.
Nos 20
anos de existência do Fórum Mineiro de Saúde Mental e da ASUSSAM,
o tema escolhido é A CIDADE QUE QUEREMOS: QUE SEJA FEITA A NOSSA
VONTADE!
As
cidades em suas múltiplas funções se constituem como espaços
privilegiados da criação humana, pois permitem a interação entre
as pessoas, a produção de idéias e geram movimentos artísticos
que, de forma singular, conectam povos e culturas, modos de ser.
Pensar o tipo de cidade que queremos tem a ver com o tipo de vínculos
sociais, institucionais, organização, relacionamentos com a
natureza, estilo de vida, tecnologia e os valores estéticos que
desejamos.
Mas, e as
iniquidades nas cidades, violência estrutural que gera outras
violências? O capitalismo “forjou” o Brasil urbano que nos
deixou o legado pela escolha de se desenvolver concentrando renda, no
apressado em atualizar sua condição para atender as demandas de
seus exploradores. Foi assim com a abolição da escravatura ao
descartar o que já não dava o lucro calculado num mundo que se
transformava. Não é de graça a cor da exclusão, ou os lugares
onde mora, as malocas que lhe sobra quando não se tem escolha, mas
tem luta e resistência quase não percebidas. Ter e ser uma cidade
inclusiva passa necessariamente pela idéia de uma cidade de todos e
para todos sem o medo de andar na rua, pois a rua é o seu
quintal, tá ligado?
E
retomando as cores, grafitemos a cena lembrando o respeito, a
aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas do
mundo, de nossos modos de expressão e de nossa maneira de demonstrar
nossa qualidade de seres humanos. Os versos de Fabrício FBC dão o
ritmo e o tom: “Eu quero uma cidade que respeite o rimador, uma
cidade que respeite os seus pobres”... Uma cidade que pergunte
e espere a resposta, uma cidade que escute a pulsação da vida que
pede passagem, uma cidade onde as planilhas brinquem com as formas
para que possam caber as pessoas em sua diferença, pois a cidade
somos todos. A cidade com espaços de reencantamento, afetos e
utopias de um novo mundo e se assim o é, podemos perguntar: como
anda nosso gosto pela diversidade?
Que a
condição proposta de estar dentre as melhores cidades do mundo
passe pela sensibilidade, pela escuta, pela construção democrática,
pelo respeito à diferença, pela alegria da real participação de
todos na construção de seu futuro. A cidade somos nós que a
habitamos, nós somos a cidade que nos habita.
Que seja feita nossa
felicidade pela simplicidade de ser livre!
Mostraremos a cidade
que queremos através da evolução de seis alas, a saber:
1ª
ALA: VIOLAR PODIA SER VERBO DE VIOLÃO!
A cidade
que queremos traça rotas cujos caminhos transPIRAM liberdade! Nela,
a cidadania tem a ver com o encantamento com o outro e com a
construção de um coletivo que se sustenta e se enriquece nas
diferenças “e na multiplicidade toda que há dentro de cada um”.
A cidade
que queremos acolhe o sofrimento mental sem trancas e grilhões, sem
segregação e manicômios, sem abuso de poder e de saber, sem
violência e eletrochoque.
Desde o
início das denúncias que revelaram os “porões da loucura”, a
luta antimanicomial vem questionando a tudo que, seja na arquitetura,
na pedagogia, nas metodologias e ciências, nas técnicas humanas de
comunicação ou de tratamento, cerceie ou encarcere a liberdade dos
homens, em especial a dos homens ditos loucos.
Uma
cidade nos inspirou e serviu de exemplo: Trieste, cidade irmã na
Itália, que acolheu Franco Basaglia e os ideais da psiquiatria
democrática. Juntos, afirmamos nas cidades uma outra sociabilidade,
marcada pela construção solidária do resgate dos direitos de ir e
vir, amar, trabalhar, habitar e expressar.......de uma população
que durante séculos teve todos estes direitos violados. E sonha o
louco-poeta: “violar, podia ser apenas verbo de violão”!
Mas para
isso é preciso mudar o cenário da cidade, criar dispositivos que
dêem cabimento ao outro e às singularidades fora dos padrões, que
se oponham, com veemência, à segregação. Nisso, é preciso fazer
diferença, aprender a se encantar com as trocas, com a exuberância
dos encontros, com o escancaramento do inusitado, com o “parafuso
solto na rebinboca da parafuseta”.
Com essa
lógica já retiramos do cenário das cidades muitos hospitais
psiquiátricos: espaços sem cor, sem vida, sem esperança. Em seu
lugar, temos produzido serviços humanizados, de portas abertas, que
acolhem pessoas em sofrimento e permitem que circulem na cidade e
nela se enderecem novamente, encontrem seus caminhos, busquem seus
encontros: daí o sentido do CERSAM/CAPS .
Deles aos
Centros de Convivências, há uma rota que aposta na expressão
humana no cenário da cidade. A cidadania faz diferença e mais uma
vez busca, para além do direito de ir e vir, a dignidade que decorre
da expressão do sujeito, afinal, predicar é por o sujeito em curso,
talvez numa infindável busca de algum sentido para o humano.
Na cidade
que queremos, cabem muitas Residências Terapêuticas. É que o morar
é uma essencialidade do devir e isso não sobrevive à reclusão.
Há muito
tempo caminhamos juntos, trabalhadores, usuários, familiares e
outros cidadãos que se unem a nós, na busca de um outro estatuto de
convivência urbana. Esse percurso não seria possível sem a atuação
corajosa e ousada do Fórum Mineiro de Saúde Mental e a Associação
dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais, a
ASUSSAM, que neste maio completam 20 anos de existência. Militantes
alegres, festivos, combativos, firmes e persistentes rumo A UMA
SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS.
2ª
ALA: EU SEMEIO VENTO NA MINHA CIDADE, VOU PRA RUA E BEBO A
TEMPESTADE.
Um tempo,
um ponto e uma linguagem para sentir a vibe, a onda. Dizer e ouvir
para mais que entender. No Viaduto Santa Tereza, coração pulsante
da cultura hip hop e outras manifestações, a galera sonha e vive um
mundo de todos, pois não é mais possível a rima sem ação.O
insight sem roteiro, rico na simplicidade do verso, contagia
quando a rima prima pela provocação à mudanças. E os Mestres de
Cerimônia apresentam o que a cidade pode ser: um lugar que não é
de ninguém porque é de todos e todos cuidam. O prazer em cantar, o
prazer em ouvir o significado secreto e inapreensível do vivido e
que se vislumbra como possibilidade.
“Molecar
a linguagem” e inventar o destino, pois “ninguém é doido
ou então todos”. “A cidade que eu quero,
todos querem” nos deslimites da poesia que afirmam novas formas
de sociabilidade.
Há 450
km do Atlântico, na esplanada de uma praça no centro de Belo
Horizonte, uma festa no mar com as bênçãos de Janaína para ocupar
a cidade e inventar outras. Na praia imaginária tem os banhistas,
ciclistas, vendedores, samba de roda e um monumento em bronze onde se
lê: “Os montanheiros estão sempre livres”.
O
movimento Praia da Estação é um convite à cidade para se ocupar e
ocupar de si, para viver seus espaços e discutir sua utilização
como lugar de fruição da vida e é também um convite à
resistência: ao proibir a presença na praça, ao zebrar a fita e
desligar a fonte de água, cadeiras e tendas saíram do chão, o
chapéu entrou na roda para pagar um caminhão pipa que refrescou a
cena. Gestos simbólicos que dizem do desejo de estar junto e de
pertencer a uma cidade, de querer protegê-la, de preservar sua
história e a memória coletiva de suas lutas, sonhos e alegrias.
E
partiu sair do Duelo ao Bordelo e daí para outros corredores e
manifestações que fazem a cidade que queremos: alegre, misturada,
gentil e brincante nas cores, nos ritmos, nos versos, rimas e seus
reversos. Num bairro que nasceu da resistência, o Concórdia, tem um
boi da manta, tem terreiros e quintais, tem congada e carnaval. No
bairro Jardim América, o azul dos Pavões e suas Penas adentram e se
perdem nas ruazinhas da Ventosa com seu delicado afoxé porque a vida
é assim, precisa entrar em todos os cantinhos.
Junho de 2013, versando
em Buarque perguntas na canção:
Como
vai proibir quando o galo insistir em cantar?
Aonde
vai se esconder quando o dia raiar?
Como
vai inventar o que você não queria?
Ainda um
sem lugar, ainda um certo incômodo, pelo menos duas leituras desses
eventos/manifestações. Momento histórico? Vinte centavos é pouco?
Eu também quero passe livre!
Por um
lado, aconteceu a invenção democrática em lugar de uma ideologia
conservadora e indicaram nova possibilidade da práxis política, uma
brecha para se repensar o poder. Tem alguém aí?? Não vai ter
copa? O outro nos diz do risco da apropriação das manifestações
rumo ao conservadorismo e ao autoritarismo, riscos que se evitariam
caso os manifestantes dispusessem a lutar contra as ações que
causam o inferno urbano, como o poder do capital (montadoras,
empreiteiros e cartéis do transporte) ou se engajarem na luta pela
reforma política e inventar uma nova política libertária,
democrática e participativa.
O que
importa: a galera desceu do face, mas flores para policiais não
ameaçam patrão, partido ou político algum. Atos, fatos, imagens,
repressão, balas de borracha, taser, efeito moral, a intervenção
da mídia que insiste em manter um discurso adversário e
desmoralizante aos movimentos sociais e tão ágil para ficar do lado
de quem lhe interessa momentaneamente; o vândalo, o bom e pacato
moço no mesmo personagem em 2 minutos e mundo afora a banalização
das balas de verdade na favela da Maré.
Que a
cidade seja bela porque é de todos e livre porque sabe amar.
3ª ALA: SE ESSA RUA
FOSSE MINHA, EU VOLTAVA A CIRCULAR: VAMOS DAR REVIRAVOLTA, NESTA ONDA
DE TRANCAR.
A ala das crianças e adolescentes nos convida a ocupar as ruas da
cidade que queremos, com brincadeiras e jogos de rua, algumas
esquecidas, engolidas pelo mundo digital. Na rua da cidade que
queremos pode rodar argola, soltar pipa, petecar e emperequetar os
muros com grafites. Pode pintar a cara com batons e sombras, usar
máscaras ao som colorido dos tambores e funks. Adolescer e criançar
é viver e não um sintoma que imponha confinamento.
Na cidade que queremos, a vida vale a pena, até
circular, andar prá lá e prá cá, dar um rolezinho e por que não
um olé jogando uma bela pelada. Na rua que queremos também pode
chutar lata e assobiar, pode chorar num cantinho, num banco da praça,
afogar as mágoas, sem que isso seja crime. Na cidade que queremos
pode ser alegre, ser triste... ser poeta. Nesta cidade, como disse um
morador, Morais Moreira, "vou mostrando
como sou, e vou sendo como posso. Jogando meu corpo no mundo, andando
por todos os cantos. E pela lei natural dos encontros, eu deixo e
recebo um tanto"... e assim vou pegando
esta onda de ser feliz nesta vida que, como diz um outro cidadão,
Gonzaguinha, é bonita, é bonita e é gostosa!!!
4ª ALA: BOMBRILHÃO: O CHASSI DO
UNIVERSO
A
genialidade de Antoni Gaudi é o guia da viagem para a tradicional
ala dos delírios e alucinações, desse Dezoito de Maio. A aparência
lúdica que se aproxima do onírico, revela a coragem de dar asas à
imaginação para concretizar o sonho em linhas que mergulham, se
curvam e brincam recortando o espaço ousando o novo. Os detalhes
diáfanos e luminosos que enganam os sentidos quando “tudo não
cabia ali” possibilitam o deslocar para perceber de outro modo,
iluminar e criar. Na leveza das formas e plasticidade das linhas
ondulantes e na harmonia das cores e materiais é possível expressar
a beleza e a emoção na inextinguível e ansiosa busca de
expressividade.
Difícil
de classificar, impossível de enquadrar o que não se rotula e
transcende ao tempo. Assim é Gaudi em sua obra quando rejeita
a dureza das linhas retas e a rigidez das formas octogonais.
Dentre
outros (ins)PIRADOS que referenciam essa ala destaca-se Miró que
em suas constelações de céus inteiros busca sobrepor a fúria
cega desencadeada pela guerra. Salvador Dali em aspectos de
sua obra busca o excessivo e o dourado para escapar do sistema
totalitário resultante da automatização e da esterilidade.
Pronto:
está construída uma cidade onde não se esgotam as associações e
expressões que evidenciam formas de pensamento e as atitudes
culturais de sua gente. Tão bonita e estranha, sem limites e
definições. Abóbodas voluptuosas dividem o espaço com espículas
que atravessam o céu. Curvas no ar de charme indescritível. Cores e
texturas inigualáveis. Tão perto, tão longe. Tão real e tão
imaginária.
A cidade
que sonhamos cultua a diversidade, o inusitado; é sensível, é bela
e quer ser todos os dias um ponto de cultura de seu povo e quer ser
grande porque é humana.
5ª ALA: NÃO PONHA CORDA NO MEU BLOCO: COPOS DE LEITE E DE FLOR
Nossa
sociedade vem enfrentando um grave problema que mostra sua
face de diversas formas: a violência. Em seu formato mais puro, ela
apresenta-se contra os corpos através de atos agressivos e de danos
causados por inúmeros motivos. “Mãos ao alto.....perdeu,
perdeu, perdeu”. Atos intimidadores nos distanciam das cores,
dos sabores e dos traços da nossa cidade. Como salienta Gandhi: “a
violência parece fazer o bem, mas o bem temporário; o mal que faz é
que é permanente”. Esse mal permanente aflige tanto os corpos
quanto as mentes. Conviver em sociedade, tendo a cidade como espaço
de todos, não é uma tarefa fácil: implica, em especial, na não
segregação da diferença.
Poderíamos
citar toda a descriminação existente nos diversos tipos de
preconceitos: a cor do que tem a pele colorida de outra cor, o sexo
de quem tem o gênero diferente do seu, a crença daquele que se
ajoelha para um Deus outro, a boca que declara amores dos quais não
te agradam. E a violência institucionalizada? Da polícia que
deveria te proteger, dos governantes e de suas vazias promessas.
A
alteridade é a fonte mais genuína de uma convivência sem
violência. Independente da forma com que a violência se manifeste,
ela é destruidora. Essa destruição torna o nosso convivo
fragilizado, quando o que muitos clamam é justamente por amor,
tolerância e vida.
Por uma
cidade onde a escuridão da violência não apague o brilho do que
insistimos e teimamos em querer: “A nossa luta é por
delicadeza”.
6ª ALA: PICHEI SEU MURO, TIA: DO LADO
DA RUA, QUE É NOSSA!
Ítalo
Calvino, em seu livro As cidades invisíveis, nos alerta: “de uma
cidade, não aproveitamos suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas
a resposta que dá às nossas perguntas.
As
populações de cada cidade, com seu modo de ver o mundo ou com
interesses voltados para aspectos específicos podem construir e
reconstruir a cidade, a partir de elementos selecionados no amplo
leque de opções disponíveis na cultura de uma dada sociedade e
fazerem a escolha, também apontada por Calvino: “existem duas
maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das
pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de
deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e
aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no
meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço”.
Elencamos
nesta ala, numa espécie de mosaico de cidadania, diversos espaços
que foram abertos mundo a fora, nas últimas décadas; marcos,
marcas, fissuras, retratos, respostas das cidades às transformações
construídas por seres humanos e coletivos que ousaram,
corajosamente, decidir seus destinos e produzir rupturas e
revoluções, dividindo com as cidades e seus cidadãos, suas
conquistas.
A
Revolução Cubana, em janeiro de 1959, derrubou um governo violento
e corrupto, que vivia sob forte influência e dependência econômica
e política dos Estados Unidos. Grandes desigualdades sociais com
parte significativa da população na linha da miséria foram
decisivas no unânime apoio popular aos revolucionários que logo
após a tomada do poder procedeu à nacionalização de bancos e
empresas, reforma agrária, expropriação de grandes propriedades e
reformas nos sistemas de educação e saúde. “Viva la revolución
socialista”. Esta pequena ilha sacudiu o mundo, enfrentou o gigante
imperialista e nos devolveu a esperança, provando que nada deve
parecer impossível de ser mudado.
Uma
grande onda de protestos varre a França, em maio de 1968, quando os
universitários, inicialmente insatisfeitos com a política
educacional, unem-se aos operários e promovem a maior greve geral da
Europa. Apesar de terem cada um seus próprios motivos, foi um
fenômeno de massa em vários países do mundo, mas que tiveram em
comum a idéia de fazer parte de um movimento internacional. Mesmo
sofrido uma derrota imediata, “nada será como antes de maio de
68”. As instituições políticas não caíram, mas tremeram. A voz
das minorias começou a levantar-se; há uma crescente emancipação
das mulheres. Generosidade maior, humanismo e ecologia são alguns
conceitos herdados de todo este movimento contestatório.
“Three
days of peace and music” prometia o cartaz que convidava ao
Festival de Woodstock, realizado em agosto de 1969. Um dos maiores
momentos na história da música pop exemplificou a era hippie e a
contracultura num final de semana chuvoso defronte a meio milhão de
espectadores. Clamaram pela paz, pela não proliferação de armas,
contra a Guerra do Vietnã que já havia matado milhares de pessoas:
a guitarra de Jimi Hendrix entoou o hino nacional entrecortado pelos
sons de bombas.
Vidas
separadas é o significado de apartheid, regime segregacionista que
negava aos negros da África do Sul os mesmos direitos sociais,
econômicos e políticos garantidos aos brancos, colonizadores
ingleses e holandeses. O apartheid trouxe violência e um
significativo movimento de resistência interna, bem como um longo
embargo comercial contra a África do Sul. Nelson Mandela, símbolo
da luta anti- apartheid, mesmo durante seus 26 anos de prisão, criou
caminhos para o fim da segregação racial no país, tornando-se em
1994, o primeiro presidente negro da África do Sul. Mandiba nos
alerta, como um grito de guerra: “não há caminho fácil para a
liberdade”.
Reconhecendo
o fracasso da guerra às drogas e o conseqüente fortalecimento do
narcotráfico, o Uruguai, através do empenho pessoal de Dom Pepe
Mujica, seu presidente, torna-se o primeiro país do mundo a
legalizar e regulamentar a maconha. Suas palavras: “A humanidade
tem de pensar em governar, não para a nação ou para o indivíduo,
mas para o futuro da espécie”.
"Irmãos,
cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro de
mil anos,
talvez mais ... não tenho pressa.
Um mundo enfim
ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e
regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem
igrejas nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito
só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade
toda
que há dentro de cada um.
Uma cidade sem portas,
de
casas sem armadilha,
um país de riso e glória
como nunca
houve nenhum.
Esse país não é meu
nem vosso ainda,
poetas.
Mas será um dia
o país de todo homem".
Cidade
Prevista" de Carlos Drummond de Andrade
POR
UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS
ASSOCIAÇÃO
DOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL M.G. – ASUSSAM
FÓRUM
MINEIRO DE SAÚDE MENTAL
18
DE MAIO DE 2014